O Eurogrupo, que reúne ministros das Finanças da zona do euro, concluiu sua reunião ontem sem definir um acordo que permita iniciar as negociações para conceder um terceiro pacote de ajuda financeira à Grécia. A decisão foi deixada para os chefes de Estado e de Governo da zona do euro.
“O Eurogrupo terminou. Passamos a tarefa à cúpula de líderes do euro”, disse o ministro das Finanças da Finlândia, Alexander Stubb, que revelou que houve “progressos”. Stubb afirmou que um pacote de propostas foi encaminhado aos governantes da zona do euro.
Os 28 líderes da União Europeia se reuniriam ontem também, mas a cúpula foi cancelada para dar mais tempo ao Eurogrupo para obter um pacto. De acordo com Stubb, as medidas envolvem três elementos-chave, incluindo a aprovação, pelo parlamento grego, de uma série de leis não especificadas, até quarta-feira. Se essas condições forem cumpridas, complementou, então as conversas sobre um resgate europeu podem prosseguir.
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, também viu avanço nas conversas sobre a dívida grega, mas disse que “algumas questões importantes persistem”. “Nós agora vamos informar os líderes e eles vão discutir e, esperamos, tomar alguma decisão sobre essas questões que permanecem”, afirmou o presidente do Eurogrupo, que não especificou quais são esses assuntos.
Mais cedo, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, afirmou que um acordo entre a Grécia e seus parceiros da zona do euro seria possível ainda na noite de ontem se todas as partes quisessem. Ele disse chegar à reunião com a vontade de “encontrar um compromisso mútuo”.
“Devemos isso aos povos da Europa, que querem uma Europa unida e não dividida”, ressaltou. Ao chegar à reunião, a chanceler alemã, Angela Merkel, descartou fechar um acordo com a Grécia “a qualquer preço”. Já o presidente da França, François Hollande, afirmou que seu país “fará todo o possível” para evitar que a Grécia saia da zona do euro.
Ele pediu aos demais países que adotam a moeda única para, ao tomar decisões, considerarem o interesse comum da Europa. Os parceiros europeus da Grécia pediram ao governo grego que melhore suas propostas de reforma e prove sua boa fé, tomando medidas iniciais rapidamente para obter um novo plano de ajuda.
Um esboço do documento indica que o país não será capaz de começar as negociações para receber um terceiro pacote de ajuda financeira até que faça mudanças no seu imposto sobre o comércio e no seu sistema de aposentadorias.
No documento, os ministros também indicam que, para iniciar as negociações, gostariam que a Grécia aumentasse a base de cobrança de impostos para elevar receitas e fortalecesse a independência da Elstat, a agência grega de estatísticas.
Enquanto a reunião acontecia em Bruxelas, manifestantes se reuniram em frente ao parlamento grego, na capital Atenas. Os gregos pediam “Não” (Oxi, em grego) ao acordo no formato atual. Os participantes do ato consideram que o plano apresentado por Tsipras é muito semelhante ao rejeitado pela população grega no referendo. Na ocasião, 61% votaram contra as condições da União Europeia para conceder ajuda ao país, o que exige novas e severas medidas de austeridade.