Diante do avanço da inflação – que vem refletindo principalmente nos últimos meses o realinhamento de preços administrados, como o da energia – a expectativa do Banco Central é que o índice oficial acumulado em 12 meses atinja seu pico neste trimestre e permaneça em níveis elevados até o final do ano. De acordo com o presidente da instituição, Alexandre Tombini, na sequência, a trajetória de queda dos preços deverá ser iniciada.
“Os números da inflação impactados pelo realinhamento dos preços relativos cederão lugar a valores que refletirão mais fortemente o corrente estado das condições monetárias, levando a trajetória de queda da inflação acumulada em 12 meses”, disse Tombini nesta sexta-feira (14), durante seminário sobre riscos e estabilidade financeira, em São Paulo.
No início do ano, as expectativas para inflação para o período de 2017 a 2019 se encontravam muito acima de 4,5% ao ano. Segundo Tombini, atualmente verifica-se convergência das expectativas para a meta no intervalo de médio e longo prazo. “Para 2016, a mediana das expectativas recuou a despeito do crescimento da expectativa para o ano de 2015.”
Em 12 meses, o IPCA acumula alta de 9,56%, o maior resultado desde novembro de 2003, quando ficou em 11,02%. O índice está bem acima do teto da meta de inflação do Banco Central, que é de 6,5%.
A estimativa dos economistas do mercado financeiro é que a inflação feche o ano em 9,32%, segundo aponta o boletim mais recente do Banco Central. Se o valor for confirmado, será a maior alta em 13 anos.
Futuro dos juros
Uma vez que os juros tendem a “acompanhar” o comportamento da inflação, o presidente do Banco Central disse que o atual patamar da taxa básica, de 14,25% ao ano, deverá ser mantido por período “suficientemente prolongado”.
“[A manutenção] é necessária para a convergência da inflação para a meta no final de 2016. Os riscos remanescentes para que as projeções de inflação atinjam com segurança o objetivo de 4,5% no final de 2016 são condizentes com o efeito defasado e cumulativo da ação de política monetária, mas exigem que a política monetária se mantenha vigilante em caso de desvios significativos das projeções de inflação”, afirmou Tombini.
Neste cenário de reajuste de preços e índices econômicos negativos, a confiança do mercado acabou sendo afetada. Porém, na avaliação de Tombini, “à medida que a inflação arrefecer e o ambiente de estabilidade macroeconômica se consolidar, a percepção tende a mudar, melhorando o estado de confiança dos agentes econômicos”.
Apesar dessas turbulências pelas quais tem passado a economia brasileira, Tombini reiterou que o sistema continua “bem capitalizado, líquido, provisionado” e pouco dependentes de recursos externos.
“É importante salientar que foram acumuladas, ao longo do tempo, defesas para o enfrentamento de situações de maior volatilidade. Destaco aqui o nosso significativo volume de reservas internacionais e o uso de instrumentos derivativos, como os swaps cambiais, que têm contribuído para promover a estabilidade financeira no Brasil”.