O comércio varejista baiano intensificou, no mês de novembro, ritmo de queda nas vendas, comparado a igual mês do ano anterior. Essa é a décima primeira variação negativa registrada pela série em 2015. Na análise sazonal, a taxa foi positiva em 1,8%, indicando que houve uma recuperação em relação ao mês anterior, apesar do setor continuar sofrendo os efeitos da retração da atividade econômica. Na mesma base de comparação, o varejo nacional registrou queda de 7,8% frente a novembro de 2014. Esses dados foram apurados pela Pesquisa Mensal de Comércio (PMC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), realizada em âmbito nacional, e analisados pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), autarquia vinculada à Secretaria do Planejamento (Seplan).
Em novembro, a queda das vendas na Bahia continua refletindo o enfraquecimento da atividade econômica. Essa redução nos negócios foi a de maior representatividade para o setor no âmbito nacional. Diante da desaceleração do crescimento real da massa de salários, aceleração da inflação, escassez de crédito, elevação da taxa de juros e aumento da incerteza a demanda se retrai, pois os agentes econômicos estão cada vez mais temerosos em realizar gastos, comprometendo, assim, as vendas do setor. Na falta de uma sinalização positiva de mudança no cenário econômico, as pessoas estão mais cautelosas em comprometerem a sua renda.
Análise de desempenho do varejo por ramo de atividade – Por atividade, os dados do comércio varejista do estado da Bahia, quando comparados a novembro de 2014, revelam que seis dos oito segmentos que compõem o Indicador do Volume de Vendas registraram comportamento negativo. Listados pelo grau de magnitude das taxas em ordem decrescente, têm-se: Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-27,1%); Tecidos, vestuário e calçados (-19,8%); Combustíveis e lubrificantes (-19,0%); Móveis e eletrodomésticos (-15,4%); Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-9,3%); e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-6,8%). Por outro lado, registraram comportamento positivo os segmentos Livros, jornais, revistas e papelaria (3,7%); e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (2,3%). Entretanto, a contribuição dos mesmos para o setor é de baixa representatividade. No que diz respeito aos subgrupos, verifica-se que o de móveis e eletrodomésticos apresentou variações negativas de 11,7% e 16,9%, respectivamente, e Hipermercados e supermercados queda de 7,4%.
Quanto aos segmentos que mais influenciaram o comportamento negativo das vendas na Bahia, têm-se: Combustíveis e lubrificante; Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo; Móveis e eletrodomésticos e Tecidos, vestuário e calçados. Esses quatro setores juntos respondem por mais de 90% do resultado global para o varejo.
Em novembro, o segmento de Combustíveis e lubrificantes exerceu, na Bahia, o maior peso para a queda verificada nas vendas. Esse comportamento continua sendo atribuído a alguns fatores como a elevação dos preços dos combustíveis (20,6%) no acumulado dos últimos 12 meses acima da inflação média (10,5%), e ao menor ritmo da atividade econômica. Apesar de o segmento comercializar um produto em que o consumidor é pouco sensível a variação dos preços, esse comportamento revela que o consumidor está buscando utilizar o veículo de forma mais consciente. Ao evitar o uso excessivo desse bem, há consequentemente uma redução na intensidade dos abastecimentos.
O segmento de Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo segmento de expressiva relevância para o Indicador de Volume de Vendas do Comércio Varejista foi responsável pela segunda maior influência negativa na formação da taxa do varejo. Segundo informações do IBGE, o aumento de preços dos alimentos em domicílio na passagem de outubro para novembro, em torno de 2,5% pode explicar o desempenho negativo do ramo nesse mês, além do impacto da contínua redução da renda real. Em razão desses fatores, o consumidor embora não deixe de realizar suas compras, passam a gastar de forma mais moderada.
O terceiro a contribuir negativamente para o comportamento das vendas na Bahia foi Móveis e eletrodomésticos. Esse comportamento reflete não somente a queda na renda disponível, a seletividade do crédito, mas também ao aumento das taxas de juros. Segundo o BACEN, a taxa de juros no crédito às pessoas físicas de 28,0% a.a em novembro de 2014 passaram para 38,7% a. a. no mesmo mês de 2015. Além da retirada dos incentivos através da redução do IPI para diversos itens do segmento, especialmente, a “linha branca” e móveis. Quando observado o comportamento do segmento nos meses anteriores, constata-se que desde dezembro de 2014, o volume de vendas para a atividade vem sendo negativo.
O quarto a contribuir negativamente para o comportamento das vendas na Bahia foi Tecidos, vestuário e calçados. A taxa negativa de 19,8% representa uma intensificação no ritmo de queda das vendas, reflexo da contração econômica vivenciada pelo país. A influência da redução da massa real dos rendimentos, levando as pessoas a reduzirem o seu ímpeto de consumo é a principal justificativa. A partir de então, elas passam a ponderar mais sobre suas reais necessidades de adquirir produtos comercializados pelo setor, como roupas, tecidos e calçados. O comportamento negativo da atividade se mantém pelo décimo segundo mês consecutivo.
Comportamento do comércio varejista ampliado – O comércio varejista ampliado, que inclui o varejo e mais as atividades de Veículos, motos, partes e peças e de Material de construção, registrou, em novembro, decréscimo mais intenso nas vendas (12,8%), em relação a igual mês do ano anterior. Nos últimos 12 meses, a retração no volume de negócios foi de 7,9%.
O segmento de Veículos, motos, partes e peças registrou variação negativa de 16,0%, em relação a igual mês do ano anterior. Esse desempenho continua refletindo o crédito mais seletivo por parte das financeiras, o menor ritmo da atividade econômica, além do comprometimento da renda familiar, diante da desaceleração do crescimento real da massa de salários. Em relação ao segmento Material de Construção, também se observa queda nas vendas no mês de novembro (6,4%), quando comparado ao mesmo mês do ano de 2014. Entretanto, em função da proximidade das festas de fim de ano, onde muitos consumidores resolvem realizar benfeitorias nos imóveis, houve uma amenização no ritmo de queda nas vendas do ramo.