“Sem uma política nacional de desenvolvimento regional, não há possibilidade de reduzir de maneira sistemática e significativa as desigualdades regionais que caracterizam a realidade brasileira”. Está é a conclusão do economista e presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), Reinaldo Dampas Sampaio, após análise dos dados apresentados na última Reunião de Conjuntura Econômica. Promovida pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), a reunião trimestral tem como objetivo analisar os resultados da atividade econômica no Brasil e Bahia em 2018 e avaliar perspectivas para 2019.
O encontro reuniu, no dia 20 de março, especialistas da Superintendência e Secretaria de Planejamento do Estado da Bahia (Seplan), da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb Bahia), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri), da Secretaria da Fazenda e Casa Civil para investigar as atividades econômicas no país e alguns dos indicadores socioeconômicos e fazer uma análise mais detalhada da conjuntura. A abertura do encontro foi conduzida pelo economista Gustavo Pessoti, diretor de Indicadores e estatística da SEI e conselheiro do Corecon-BA.
“A reunião de análise de conjuntura trouxe dados extremamente importantes sobre o desempenho da economia mundial, brasileira e baiana. É notável uma perda de dinamismo na economia global, evidenciada pela baixa perspectiva de crescimento de importantes economias como os Estados Unidos, com estimativa de crescimento de 1,2% em 2019, e a União Europeia, que atravessa, entre outros problemas, uma expectativa de crise de liquidez dos bancos europeus. Também impactada por essa perda de dinamismo, a China espera um crescimento de 6 a 6,5%, o que representa um índice 35% menor do que crescia nos anos anteriores, indicando uma queda acentuada no que norteou a economia chinesa na última década”, pondera o economista e presidente do Corecon-BA, Reinaldo Sampaio.
Diante do cenário econômico internacional, a economia brasileira segue a tendência de baixas perspectivas. “Olhando os dados objetivos, a economia brasileira tem dificuldades para um futuro próximo, primeiro em função do marasmo da economia global, ou seja, não há espaço para aumento das exportações de maneira significativa a curto prazo. Além disto, faltam os elementos estruturantes para uma retomada do crescimento”, explica Dantas.
No plano da economia baiana, conforme analisa o economista, o Governo do Estado tem feito um esforço de investimento público, mas ainda insuficiente para a efetiva retomada do crescimento da economia, que cresceu 1,1% ano passado, ajudado pelo desempenho da safra agrícola. Neste ano está prevista uma quebra de safra acentuada, que trará impacto ao PIB do estado. Os investimentos na infraestrutura logística são necessários, por ser uma das condicionantes fundamentais da localização de empresas, em especial de indústrias, indispensável para levar o desenvolvimento às regiões interiores do Estado.
“Fica como desafio para os economistas e demais especialistas refletir sobre quais são os caminhos para a retomada do conhecimento. A agricultura é um fator importante, mas vulnerável às questões climáticas. Espero que este fórum de governadores do Nordeste se transforme de fato em uma plataforma de demandas factíveis que, reúna as classes políticas, produtoras, intelectuais, na defesa do desenvolvimento da região. Estou cada vez mais convencido de que sem uma política nacional de desenvolvimento regional, não há possibilidade de reduzir de maneira sistemática e significativa as desigualdades regionais que caracterizam a realidade brasileira e que agravam o já perverso quadro de desigualdades sociais”, conclui Reinaldo Sampaio.
Confira na íntegra o relatório de Conjuntura Econômica do Brasil e da Bahia: http://www.sei.ba.gov.br/images/conjuntura/cenario_mar_19.pdf
*Foto SEI