21/09/2016
Observando as discussões políticas sobre a atual situação do cenário econômico brasileiro, percebemos que muitos se expõem apenas por achismo. Seja de Direita ou de Esquerda.
Ao ponto em que alguns fervorosos esquecem o mote da questão e partem para agressões pessoais ao seu interlocutor – ad hominem. Ficando o assunto principal em plano secundário, ao ostracismo temporário.
Situação essa caracterizada por falta de conhecimento a respeito do assunto em questão, por imaturidade em respeitar a opinião do próximo, por mais que não concorde, e pela simples pretensão de se sentir superior.
Entretanto, se observarmos o nível vital do paciente no leito de UTI, em treinos de atletas, no automobilismo, na engenharia, na vida acadêmica, enfim, toda e qualquer área busca orientação para entender o status quo e, a partir daí, expedir aperfeiçoamentos do já estabelecido. E são os Indicadores que nos norteiam para tal.
Não é diferente com a Economia!
Atentarmos bem a esses Indicadores que sinalizam grave, e iminente preocupação na economia brasileira:
– o dólar teve aumento de quase 50% em 2015, atrelado a isso, o aumento de 1/5 da Dívida Pública – 48,49% e 21,7% respectivamente. Lembrar que, 16,79% da dívida – aumento de 24% referente a 2014 – é indexado a moeda estrangeira. Com a sua maior alta dos últimos 13 anos;
– nota-se, também, que a Dívida Pública estava fugindo do controle. Sendo que em 2013 houve um aumento de 5,7%, em 2014 de 8,15% para um gritante salto de 21,7% em 2015;
– por conseguinte, a Dívida Pública teve, nos últimos 13 anos, crescimento de 153%. Isso mesmo! Crescimento de “uma vez e meia” de 2003 – R$ 1,10 tri, para R$ 2,79 tri em 2015;
– junto a isso, e não pior, a manutenção necessária ao cumprimento do Serviço da Dívida – juros – se movimentou assustadoramente em 51,1%. De R$ 243,3 bi – em 2014, para R$ 367,6 bi em 2015.
Por fim, ressaltamos a “Projeção” da Dívida Pública brasileira para exercício 2016. Estipulada em R$ 3,3 tri – aumento de 18,3% com base comparativa em 2015.
Porém, não menos importante, é a formação da “boca de jacaré” – com maturação demasiadamente permissiva, entre o Produto Interno Bruto (PIB) e a Inflação.
Bem, e como os Gastos do Governo espelhariam nesses Indicadores Econômicos – PIB/Inflação? Para tal, devemos entender o que seria uma Dívida Pública Federal¹ (DPF) equilibrada.
O endividamento Público estaria sobre direção benigna, se este fosse vinculado a um substancial crescimento do PIB, que por vez, dilataria a Oferta de bens e serviços, encurtando assim a fila da Demanda, por seguinte, amainando a Inflação e aumentando o Poder de Compra das Famílias. Dando com isso, robustez ao início de um novo ciclo do Fluxo Circular da Renda ao Crescimento Sustentável do PIB no longo prazo e, desse modo, reduzindo a Necessidade de Financiamento do Setor Público² (NFSP) que influenciara de forma positiva – subjugando – a Taxa Básica de Juros (Taxa Selic). Diante disso, expandido a disponibilidade de crédito aos consumidores e o mercado. Dessa forma, fecha uma sequência virtuosa do efeito multiplicador na economia.
Portanto, tornar-se-ia realizado a plena harmonia dos pilares do tripé macroeconômico, no momento em que estariam em conformidade a Cidadania Global (câmbio flutuante), a Moeda Sã (meta de inflação) e o Orçamento Responsável (superávit-primário) aos olhares do Resto do Mundo – IED³. Ou seja, maior eficiência e eficácia entre agregados macroeconômicos e os agentes econômicos.
Infelizmente, não gozamos deste Mar de Rosas descrito acima. No entanto, descreve, com exatidão, que as “políticas econômicas ortodoxas” se fazem relevantes, inevitáveis em um panorama que dá indícios do fim de um Ciclo Econômico – (boom/recessão/depressão/recuperação). Manifestando, tacitamente, que é possível centralizar a Inflação e elevar nossa imagem perante ao Resto do Mundo através do zelo ao estabelecido no superávit-primário.
¹- DPF – Dívida Pública Federal, é a soma da Dívida Pública Mobiliaria Federal Interna (DPMFi) e a Dívida Pública Federal Externa (DPFe).
²- NFSP – Necessidade de Financiamento do Setor Público, corresponde ao “resultado nominal” da economia (déficit nominal), ou seja, “déficit primário” mais a dedução dos juros e amortizações da Dívida Pública Federal (DPF).
³- IED – Investimento Estrangeiro Direto.
Como podemos ver, estes dois Indicadores Econômicos – PIB/Inflação – são sintomas (reflexo) e não a causa. Por isso, não evidenciados quantitativamente ao resumo desta Obra: Tragédia Anunciada.
Nada, nenhum destes números, de viés crônico-ascendente, são animadores. Com todos esses sinais “ululantes” (mera coincidência de trocadilho), e nada satisfatórios, nos perguntamos:
Após os “13 anos de Administração” da economia pelo Governo recentemente impedido, seria prudente afirmar que a culpa da “má gestão” é do Antecessor e, ou, do Sucessor do Palácio do Planalto?
Para um bom entendedor meia palavra basta, quem dirá muitas delas. Disse, bom entendedor!
A narrativa? Factual e bastante simples! Basta querer entender.
Com um pouco de noção em Finanças e Orçamento Público – débito/crédito -, torna indelével, da necessidade de Ajuste Fiscal (redução de gastos públicos) e o sacro respeito ao superávit-primário. E claro, distante de qualquer vezo ideológico.
Segundo Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central – “A responsabilidade fiscal não é apenas uma condição para que a inflação seja baixa, é uma precondição para o crescimento alto. Esse é o pensamento que pessoas de cabeça heterodoxa não têm…”.
Os dados estão dispostos. Tirem suas conclusões!
O assunto pode nos deixar embevecidos, com uma aparente complexidade, nos tornando parvos à realidade econômica. Mas, conforme discorrido, pode ser muito simples se observado por uma ótica contábil.
Aos incautos imediatistas, reavivo uma passagem do então Assessor de Bill Clinton nas eleições 1992, para explicar a que deveria ser a motivação dos eleitores para com seus futuros gestores públicos.
“É a economia, estúpido!” James Carville, 1992.
Autor: Ronaldo Maciel Góis Rodrigues – Estudante de Economia – Universidade Salvador – UNIFACS. Extremamente curioso. Concordante com os polêmicos e, contestante de todos os conceitos atuais. TFA
“O processo pelo qual é criado o dinheiro, é tão simples que a mente não aceita” John Kenneth Galbraith.