A experiência como secretária e produtora de filmagens fez a guia de turismo Jeane Santos apostar em um atendimento diferenciado ao turista nos aluguéis de temporada de um triplex na Barra: ela mesma faz o traslado do aeroporto e presta toda assistência de manutenção da casa e orientação aos visitantes.
“Contrato faxineira, mantenho a dispensa e geladeira abastecidas, providencio roupas de cama sempre limpas, explico roteiros para que eles explorem sozinhos a cidade ou, se preferirem, eu mesma levo no meu carro grupos pequenos para passeios tradicionais aonde eles mais gostam: conhecer recantos de costumes bem típicos do soteropolitano”, revela a guia-empreendedora, que anuncia os serviços em plataformas digitais.
Serviços que se aliem às novas tecnologias de busca e contratação e que, principalmente, ampliem a relação custo-benefício de uma viagem são a tendência do turismo. Um novo perfil de visitante que já começa a ser notado por segmentos que atuam na área em Salvador e que, certamente, deve estar presente na elaboração das novas políticas públicas voltadas para o setor – além das grandes obras de infraestrutura urbana, mobilidade e construção de equipamentos essenciais, como os centros de convenções municipal e estadual.
É o que acredita o economista, professor universitário e pesquisador Gustavo Pessoti. Ele lembra que os serviços introduzidos pelas novas tecnologias e formas de atender ao turista têm alterado as estatísticas de entidades do setor, justamente por ainda não serem considerados de forma global.
“Uber Guia”
“Se as pessoas buscam hoje, por exemplo, alugar casas com serviços diferenciados, isso pode afetar a taxa de ocupação hoteleira ou a busca por agências de turismo, mas não necessariamente o Produto Interno Bruto (PIB) gerado pelo setor no estado”, explica Pessoti. Outro empreendedor soteropolitano do setor, Marcus Casaes, criou, por exemplo, uma espécie de Uber com guias de turismo, chamado Go On. “Temos 30 profissionais cadastrados e roteiros à escolha que podem ser acionados na hora, paga ndo com cartão de crédito”, diz.
Para Pessoti, a ideia de que quem só busca economizar nas viagens é o chamado “turista mochileiro” vem caindo por terra. “Para tornar a cidade mais competitiva, é preciso oferecer, portanto, boa infraestrutura que gere economia ao turista, a exemplo da possibilidade de pegar o metrô do aeroporto até uma área central, participar de uma convenção, grande show de atração internacional ou Réveillon ou mesmo fazer turismo religioso, perto do hotel ou de zonas que permitam fazer um tour pela cidade. Já faz a diferença”, frisa.
Ele espera que a recuperação da economia – afetando indicadores como a segurança – deva trazer melhores perspectivas para o setor.
O presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação (Febha), Sílvio Pessoa, assegura que o trade turístico da capital baiana está atento às tendências. “Do poder público local esperamos apenas mais foco no digital”, diz.
PRINCIPAIS DESAFIOS
Tecnologia Aliar intervenções de melhora de infraesttura e mobilidade às novas plataformas digitais de promoção
Grandes eventos Atrair congressos profissionais, mas também eventos de entretenimento, como grandes shows e valorização cada vez mais de potenciais locais, como Réveillon, festas de largo e aspectos religiosos
Hospitalidade Nada de confiar apenas na simpatia do baiano. É preciso profissionalizar mais a hospitalidade