Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira ergueram, em pouco mais de quatro décadas, o maior império da história do capitalismo brasileiro e ganharam uma projeção sem precedentes no cenário mundial.
Nos últimos cinco anos eles compraram nada menos que três marcas americanas conhecidas globalmente: Budweiser, Burger King e Heinz. Tudo isso na mais absoluta discrição, esforçando-se para ficar longe dos holofotes.
A fórmula de gestão que desenvolveram, seguida com fervor por seus funcionários, se baseia em meritocracia, simplicidade e busca incessante por redução de custos.
Uma cultura tão eficiente quanto implacável, em que não há espaço para o desempenho medíocre. Por outro lado, quem traz resultados excepcionais tem a chance de se tornar sócio de suas companhias e fazer fortuna.
Sonho grande é o relato detalhado dos bastidores da trajetória desses empresários desde a fundação do banco Garantia, nos anos 70, até os dias de hoje.
No início, ele tinha a seu favor a obstinação pelo trabalho e os exemplos de negócios que o impressionavam, como o banco Goldman Sachs e o grupo varejista Walmart. A partir deles, criou o “modelo Garantia”, baseado em uma filosofia que unia meritocracia, eficiência e a possibilidade de que os melhores funcionários se tornassem acionistas.
Foi um marco do capitalismo brasileiro, que serviu – e serve – de inspiração até hoje para diversas empresas. Com base nesse modelo, Jorge Paulo transformou em sócios dois de seus funcionários – Marcel Telles e Beto Sicupira – e formou um triunvirato sem paralelos na economia do país.
Os banqueiros deram sua primeira tacada na economia real em 1982, com a compra da Lojas Americanas. Menos de uma década depois, em 1989, foi a vez da cervejaria Brahma. Chegaram, literalmente, derrubando paredes. Estabeleceram metas para todos os funcionários, tiraram carros particulares e secretárias das diretorias, otimizaram a produção e multiplicaram os lucros.
Depois vieram a maior fusão que o Brasil havia visto até então, da Brahma com a Antarctica, criando a Ambev; a internacionalização que deu origem à InBev e, por fim, a tão sonhada compra da Anheuser-Busch, criando a AB InBev, a maior cervejaria do mundo. A cultura forjada pelo trio – considerada eficiente por seus entusiastas e excessivamente agressiva por seus críticos – começava a ganhar o planeta.
Nos últimos anos, ainda se tornaram donos de outros dois ícones americanos: a rede mundial de lanchonetes Burger King, presente em quase 80 países, e a marca de alimentos Heinz.
Os bastidores da trajetória desses discretíssimos empresários são agora revelados por uma jornalista que acompanha sua história há mais de uma década.