O setor público não financeiro consolidado registrou, em agosto, déficit de R$ 14,460 bilhões em suas contas primárias. Em julho, o déficit foi de R$ 4,715 bilhões. O resultado de agosto é o quarto déficit consecutivo, algo inédito na série histórica do Banco Central (BC), que data do fim de 2001.
Os números divulgados nesta terça-feira referem-se ao desempenho fiscal de União, Estados, municípios e empresas sob controle dos respectivos governos, excluídos bancos estatais, Petrobras e Eletrobras. Em agosto do ano passado, houve déficit primário de R$ 432 milhões.
Medido em 12 meses, o superávit primário caiu de R$ 61,526 bilhões em julho para R$ 47,498 bilhões em agosto de 2014. Como proporção do Produto Interno Bruto (PIB), o esforço fiscal passou de 1,22% para 0,94%, o menor da série histórica.
No acumulado do ano, o superávit primário é de R$ 10,205 bilhões (0,3% do PIB), resultado menor que os R$ 54,013 bilhões vistos nos oito primeiros meses do ano passado.
Para este ano, o governo se comprometeu em entregar um superávit primário de R$ 99 bilhões, ou 1,9% do PIB. São R$ 80,8 bilhões do governo central, ou 1,55% do PIB e outros 18,2 bilhões de Estados e municípios, o que equivale a 0,35% do PIB.
Para essa conta fechar o governo teria que economizar R$ 88,795 bilhões no último quadrimestre do ano, ou o equivalente a R$ 22,198 bilhões por mês, algo nunca registrado.
O governo central, que reúne as contas do Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central, teve o pior resultado primário da história para o mês de agosto ao registrar déficit de R$ 10,422 bilhões, de acordo com dados divulgados mais cedo pelo Tesouro Nacional. O resultado só não foi pior devido à entrada de R$ 5,399 bilhões em dividendos.
No acumulado do ano, o superávit primário é de apenas R$ 4,675 bilhões, o pior desempenho desde 1997, quando o resultado foi de R$ 4,591 bilhões.
No conceito nominal, que inclui os gastos com juros, houve déficit de R$ 31,476 bilhões em agosto. Em igual período do ano passado, foi registrado déficit de R$ 22,303 bilhões. A conta de juros correspondeu a R$ 17,016 bilhões, contra R$ 27,996 bilhões em julho e R$ 21,871 bilhões em agosto do ano passado.
Nos 12 meses terminados em agosto, quando o valor líquido pago em juros foi de R$ 250,757 bilhões, houve déficit nominal de R$ 203,258 bilhões, o que representa 4,03% do PIB estimado pelo BC para o período. A situação piorou em relação ao período de 12 meses terminados em julho, quando o déficit nominal equivaleu a 3,87% do PIB.
No acumulado do ano, o pagamento de juros somou R$ 165,259 bilhões (4,93% do PIB) e o déficit nominal foi de R$ 155,054 bilhões (4,62% do PIB). Em igual período do ano passado, a conta de juros era de R$ 163,358 bilhões (5,18%) e o déficit nominal, de R$ 109,345 bilhões (3,47% do PIB).