O Produto Interno Bruto (PIB) a preços de mercado divulgado na sexta-feira (30/05), em coletiva de imprensa realizada pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), no auditório da Secretaria do Planejamento, sinaliza expansão de 2,0% na economia baiana no primeiro trimestre de 2014, em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado foi similar ao nacional: o PIB Brasil divulgado pelo IBGE registra taxa de 1,9% no trimestre. O ajuste sazonal (1º trimestre de 2014 em relação ao 4º trimestre de 2013) registrou expansão no estado de 0,7%, e de 0,2% no país.
A expansão econômica baiana do primeiro trimestre foi caracterizada principalmente pela dinâmica do setor agropecuário, porém, a taxa de crescimento do PIB foi mais uma vez determinada pelo setor de serviços, dado o seu peso na estrutura do PIB estadual (62,1%). No trimestre em análise, o valor adicionado (VA – contribuição de cada setor ou segmento para o PIB) da agropecuária baiana expandiu 17%, proveniente da recuperação dos grãos, mais especificamente milho, soja e algodão. O setor de serviços cresceu 2,6%, com altas no comércio (8,5%) e alojamento e alimentação (3,6%). Já a indústria apresentou leve retração de 0,8%, puxada pelos resultados da indústria de transformação (-1,9%) e da produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (-3,1%).
Segundo projeções da SEI, mantendo-se a tendência do agronegócio e a dinâmica positiva dos serviços, além da expectativa de recuperação do setor industrial no segundo semestre, o cenário da economia baiana será de alta em torno de 3,0% ao final de 2014. Nos serviços, a atividade comercial deve seguir seu timo de expansão próximo a 4% e a administração pública dever ter ano de relativa estabilidade nas suas atividades. A recuperação no setor de transportes deve ser acompanhada pelo aumento do fluxo turístico, pela recuperação das vendas externas, em função da lenta e gradual recuperação das economias europeias e do aumento dos embarques de produtos manufaturados para os Estados Unidos.
AGROPECUÁRIA
O incremento de 17% no VA da agropecuária foi puxado pela recuperação da safra, sendo a produção estimada grãos para este ano quase 40% maior em relação a 2013, conforme a terceira avaliação do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA/IBGE). A safra é estimada em 8,5 milhões de toneladas, 2,4 milhões de toneladas a mais que o ano anterior, com crescimento de 7,5% na área plantada e de 14,4% na área colhida. Os maiores destaques na cadeia do agro baiano ficaram por conta da soja (35,9%) e algodão (34,8%), dois dos principais produtos da pauta de exportações do estado. O milho também teve sua safra revisada para cima (3,1 milhões de toneladas, com crescimento de 50,3% em relação a 2013). A pecuária registrou incremento de 8,5% no rebanho no trimestre.
Segundo a LSPA, o destaque negativo nos grãos ficou por conta do feijão (-7,8% na produção e -19,5% na área plantada). Já o cacau, que nas estimativas anteriores apresentava resultado igual ao de 2013, nesse levantamento assinalou ganho de 3,5% em sua produção física, consequência das chuvas e do maior rendimento da produção (3,2%). A mandioca saiu de uma estimativa positiva para uma previsão de queda (-26,2%), resultado da maior retração de sua área plantada (-31,6%). Pode-se dizer o mesmo para a cana-de-açúcar, que registrou taxa negativa para sua produção (-11,9%), enquanto no levantamento passado a perspectiva era de alta de 5%.
SERVIÇOS
O VA do setor de serviços, com 2,6% crescimento, contribuiu positivamente para o resultado da atividade econômica, com destaque para o bom momento vivenciado pelo comércio baiano, cujo VA teve incremento de 8,5%, taxa acima dos últimos 5 trimestres. O segmento de alojamento e alimentação, muito associado ao turismo, registrou expansão de 3,6% em seu VA. O setor serviços só não teve maior expansão devido ao resultado da administração pública, principal segmento na estrutura do PIB baiano, representando quase 20,0% da atividade econômica do estado, que apresentou queda de 0,2% no primeiro trimestre, e ao segmento de transportes, com retração de 1,9%.
Segundo a Pesquisa Mensal de Comércio (PMC/IBGE), as vendas do varejo baiano voltam a apresentar taxas de crescimento mais altas que o Brasil (acumula no primeiro trimestre taxa de 9,6%, contra 4,4% do comércio varejista brasileiro). No acumulado em 12 meses, o varejo cresce 4,9%. Esse comportamento demonstra a recuperação do setor se comparado a igual período do ano anterior (0,2%). No trimestre, os segmentos de destaque nas vendas do varejo foram: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (31,0%); livros e jornais (27,4%); combustíveis e lubrificantes (16,3%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (15,8%). Hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo tiveram expansão de 3,9%.
INDÚSTRIA
O VA do setor industrial da Bahia apresentou um cenário de retração no primeiro trimestre de 2014 (-0,8%). A indústria de transformação, segmento mais importante do setor industrial baiano, apresentou retração de 1,9% em termos de valor adicionado e de 3,0% em termos de produção física. Vale ressaltar, na transformação, a queda na demanda por automóveis, fazendo a indústria automobilística da Bahia retrair aproximadamente 40% em sua produção física no primeiro trimestre do ano, afetando inclusive a produção da indústria metalúrgica/siderúrgica (-4,4%). A produção do setor de calçados (-8,5%) também é afetada por uma conjuntura internacional de menor procura.
A construção civil, segundo maior peso no VA da indústria, cresceu 2,2% e amenizou a queda no setor industrial como um todo no primeiro semestre, sobretudo, em função de das obras públicas. A indústria extrativa mineral, de peso menos significativo, registrou crescimento de 5,1% em seu valor adicionado ao PIB, enquanto o segmento de produção e distribuição de eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana teve queda (-3,1%).
No primeiro trimestre do ano, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), realizada pelo IBGE, a produção da indústria de transformação baiana registrou, em relação ao mesmo período do ano anterior, queda de 3,0%, e a indústria geral, retração de 2,5%. A principal influência negativa decorreu das atividades de equipamentos de informática (-47,0%) e veículos automotores (-39,8%). Cresceram os setores outros produtos químicos (10,2%) e coque de produtos derivados do petróleo e do biocombustíveis (7,7%). No acumulado em 12 meses, comparado com o mesmo período do ano anterior, a taxa da produção industrial baiana assinalou crescimento de 4,0% e a indústria de transformação alta de 4,2%.