Os economistas do mercado financeiro acreditam que a economia brasileira vai demorar mais tempo para se recuperar. Segundo o relatório de mercado, também conhecido como Focus, divulgado nesta segunda-feira (17), o Produto Interno Bruto (PIB) deverá “encolher” não somente neste ano, mas também em 2016. Foi a primeira vez que o mercado previu o PIB se retraindo no ano que vem.
Para o comportamento da economia neste ano, os analistas passaram a estimar, na semana passada, uma retração de 2,01%. Foi a quinta queda seguida deste indicador. Até então, a expectativa do mercado era de um recuo de 1,97% para o PIB de 2015. Se confirmado, será o pior resultado em 25 anos, ou seja, desde 1990 – quando foi registrada uma queda de 4,35%.
Para 2016, os economistas das instituições financeiras passaram a prever uma contração de 0,15% no Produto Interno Bruto do país. Na semana anterior, haviam estimado um PIB zero. Para se ter uma ideia, no início deste ano, a previsão dos economistas era de uma expansão de 1,8% para a economia brasileira no ano que vem. O relatório de mercado é fruto de pesquisa do BC com mais de 100 instituições financeiras.
O PIB é a soma de todos os bens e serviços feitos em território brasileiro, independentemente da nacionalidade de quem os produz, e serve para medir o comportamento da economia brasileira.
No fim de maio, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou queda de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, puxada pelo desempenho negativo do setor de serviços e da indústria, bem como pelo recuo do consumo das famílias e dos investimentos. Neste início de ano, o que evitou um tombo ainda maior do PIB foi a agropecuária.
Inflação
Para a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a previsão do mercado financeiro ficou estável em 9,32% na semana passada. Se confirmado, será o maior índice em 13 anos, ou seja, desde 2002 – quando somou 12,53%.
Segundo economistas, a alta do dólar e principalmente dos preços administrados (como telefonia, água, energia, combustíveis e tarifas de ônibus, entre outros) pressiona os preços em 2015. Além disso, a inflação de serviços, impulsionada pelos ganhos reais de salários, segue elevada.
Para 2016, a expectativa de inflação do mercado subiu de 5,43% para 5,44% na última semana. Foi a segunda alta consecutiva da previsão do mercado financeiro para o IPCA do ano que vem.
Pelo sistema que vigora no Brasil, a meta central para 2015 e 2016 é de 4,5%, mas, com o intervalo de tolerância existente, o IPCA pode oscilar entre 2,5% e 6,5%, sem que a meta seja formalmente descumprida. Com isso, a inflação deverá superar o teto do sistema de metas em 2015, algo que não acontece desde 2003.
Taxa de juros
Após o Banco Central ter subido os juros para 14,25% ao ano no fim de julho, o maior patamar em nove anos, o mercado manteve a estimativa de que não devem ocorrer novos aumentos de juros em 2015. Para o fim de 2016, a estimativa recuou de 12% para 11,88% ao ano – o que pressupõe reduções da taxa Selic ao longo do ano que vem.
A taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para tentar conter pressões inflacionárias. Pelo sistema de metas de inflação brasileiro, a instituição tem de calibrar os juros para atingir objetivos pré-determinados. As taxas mais altas tendem a reduzir o consumo e o crédito, o que pode contribuir para o controle dos preços.
Câmbio, balança e investimentos
Nesta edição do relatório Focus, a projeção do mercado financeiro para a taxa de câmbio no fim de 2015 subiu de R$ 3,40 para R$ 3,48 por dólar. Para o término de 2016, a previsão dos analistas para a taxa de câmbio avançou de R$ 3,50 para R$ 3,60.
A projeção para o resultado da balança comercial (resultado do total de exportações menos as importações) em 2015 subiu de US$ 7,70 bilhões para US$ 8 bilhões de resultado positivo. Para 2016, a previsão de superávit avançou de US$ 15 bilhões para US$ 15,19 bilhões.
Para este ano, a projeção de entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil permaneceu em US$ 65 bilhões. Para 2016, a estimativa dos analistas para o aporte ficou estável também em US$ 65 bilhões.