Um outro lado da história e que poucos tem conhecimento, que inclui o drible do Banco Central brasileiro ao FMI com relação ao Plano Brady. O plano tem como seu idealizador o então secretário do tesouro americano, Nicholas Brady, que buscou reavaliar e reestruturar (securitizar) a dívida externa das nações com perspectivas ao desenvolvimento. Requerendo assim uma garantia, que só seria adquirida com os recursos de um empréstimo ao FMI. Percebe-se a não simpatia da BC brasileiro às regras impostas naquele momento. Tal coação poderia engessar os planos para a implantação do que venha ser o Real. Contrariando a convicção negativa de alguns! O Fundo, então regido pelo francês Michel Camdessus, estava descrente da complexidade da URV, almejando, quase que por imposição, que a economia fosse atrelada ao dólar, e assim, ficássemos aprisionados como nossos “hermanos”, que preferiram rigidez no câmbio. O uso da laboração underground da equipe econômica brasileira para a renegociação da dívida, longe dos olhos do Fundo Monetário, foi o algo mais. Capitaneado por Pedro Malan e operado pelo então diretor de Assuntos Internacionais do BC, Gustavo Franco, responsável pela uniformidade dos contratos com os mercados e seu fluxo de divisas.
Pois bem, mas antes de lançar contraposições sobre a forma usual, banhada pela errônea opacidade partidária de como é visto e esquecido esse processo – projeto para vinte anos de trabalho –. Base tão importante para termos a atual estabilidade econômica e monetária. Estrutura essa (plano econômico), admirado por todos do meio acadêmico ao redor do mundo (leia-se: críticas contra as privatizações e o fundo de financiamento aos bancos). Devemos “tentar” compreender críticas alheio aos interesses de quem às exprimi.
Para isso precisamos observar o comportamento de alguns indivíduos que tem como hábito de vida apedrejar judeus e atirar em palestinos ou, ser republicano ou democrata. Não existindo um meio termo a possível verossimidade dos fatos. (*)
Segundo Thomas Edson, se todos os homens dedicarem o seu tempo em obter fatos de maneira imparcial e objetiva, usualmente suas preocupações levarão a luz do conhecimento.
Costumo sempre observar o que me cerca da maneira mais próxima possível da imparcialidade. Porque ela de fato não existe. Determinada pela idiossincrasia, que é subjetiva.
Por viés que me aproxime da lucidez, tácito, sem amarras aos processos passados, ou seja, à velha rusga PARTIDÁRIA e à reserva da agenda econômica do passado! Os problemas lá eram outros, diferentes dos atuais. Entende? Espero que sim.
Aparo e espero o mesmo daqueles que tenham o mínimo do bom discernimento das partes por um todo, e o todo pelas partes. Também, por neutralização das retóricas dos Sofistas contemporâneos de plantão (jactantes verbais). Com o espectro, do que tange a Teoria da Escolha Pública, que não romantiza o indivíduo como um ser altruísta na sua servidão pública, em que cada um prioriza seus próprios interesses na competição em busca de sua evolução social. Só assim, podemos ter uma visão holística próxima, e incólume, ao que não favorece um em agravo de terceiro, ou seja, a imparcialidade.
Devemos contemplar o particular nos termos do geral, e abordar o abstrato e o concreto em uma só linha de pensamento. Por isso, as partes devem ser observadas, aperfeiçoadas, observadas a posteriori, para novas e futuras melhorias, e nunca, defendidas com ardor. Diligência obrigatória para que se tenha o justo e perfeito em ambas as colunas dessa narrativa – o bom combate da dialética. É o que faço.
Fiz promessa de mais nunca dar atenção ou votar em radicais fascistas (procurar etimologia dessa palavra, e não seu estigma, antes de recriminar por fazer uso), sem ponderações e reavaliações epistemológicas. Trauma esse causado por certo cidadão, cujo nome virou sinônimo do CINISMO.
Não se pula de uma ponta do precipício ao outro lado, com um arranque de tomada de dois metros. Precisa-se de mais, se possível até uma turbina, de quebra, nas costas. Ou seja, uma REVOLUÇÃO! Foi o que aconteceu no passado. O Brasil precisava de um Choque de Capitalismo para poder financiar o investimento e a manutenção da âncora cambial e deste modo, à paridade do câmbio para equilibrar a Balança de Pagamentos, com desvalorizações mínimas constante de 8% ao ano, para estabilizar os contratos e sua paridade cambial.
Alguns ojerizam os autores do Plano Real pelas privatizações, mas se fez necessário ao propósitoem questão. Aprivatização, na ótica partidária, foi necessária para Direita e desnecessária para Esquerda. Para a perspectiva da Direita, era com o único intuito de enxugar o custeio da máquina pública, equilibrando-a, com o objetivo de obter um superávit fiscal e injetar, na economia, o sangue novo no capitalismo das empresas, despertando o espírito animal nos empreendedores e a força motriz, adormecida, de uma economia de mercado. Pela perspectiva da Esquerda, apenas devaneio político com um único objetivo, desestruturar o cenário adversário, para ganhar a eleição, e chegar ao poder. Sem um mínimo de responsabilidade com a nação. Atiravam, mas não pensavam.
Verifiquemos as discrepâncias dentro da mesma linha de pensamento partidário. Em uma situação, Lula diz que o Plano Real não passava de um “estelionato eleitoral”. Claro que tentando desconfigurar as intenções do sucesso, com suas devidas dúvidas, do plano econômico que usufruímos até hoje. Em outro discurso, o mesmo líder político diz que não se podia jogar com essa “coisa” (sic) – o Plano Real -, porque era preciso ver no longo prazo se a economia brasileira resistiria. Em contramão a essas opiniões, Dilma defendeu que a solidez de um plano econômico não acontece do dia para noite. Achando ela: “… sem SOMBRA de dúvida, que a estabilidade do REAL foi uma conquista do governo FHC”. Deixando claro que a preocupação “dele” era com sua Política de Governo, e não com a Política de Estado em pauta no momento (Plano Real).
Uns dizem que o Plano Real foi plágio do Plano Cavallo. Penso que não! E que seja! Não deu certo? Outros dizem que o arcabouço não partiu de FHC e sim do Homem do Fusca. Não foi! (leia-se: congelamento de preços)! E que seja! Não deu certo? Isso é o que importa. Lembrando que o legado deixado pela “lei de conversibilidade argentina”, ou a paridade com o dólar, quebrou a Argentina. Com direito até a renúncia presidencial e, a do autor do dito plano econômico argentino. Quando então o governo agiu, tardiamente, e a moeda americana dispara. Nesse cenário, fica estabelecido à moratória, naturalmente refletindo no Brasil. Foi exatamente nesse panorama de crise econômica que Lula assumiu em 2003. Mas, a sui generis no Plano Real, que outros não tiveram, foi à magnífica prestidigitação da URV (beirando a alquimia) em relação à dolarização da economia, e a destreza da ruminância de sua implantação. Sem pressas.
Fazendo um breve paralelo histórico (sutil digressão): digamos que FHC, líder da sua equipe econômica, tirou a nação dos “mil anos de trevas da idade média” – caos econômico da hiperinflação, de 4.992%, no acumulado de 12 meses em junho de 1994, para 1,53% em agosto de 1994 (Ápice de 6.821%, resultante da paradoxal combinação do aumento estratosférico de 28.380% da base monetária, entre março de 1990 a novembro de 1992, em dissonância a repressão da oferta bens e serviços). Da escuridão das incertezas dos predadores circunstanciados no decurso, a calmaria de um mundo já civilizado – controle da inflação – da geração “baby boomer”.
Antes da transição, e após franca conversa com Antônio Palocci no Rio de Janeiro, Armínio Fraga, então presidente do Banco Central, marca encontro com Lula na base aérea. Diz ele: “… o país esta na UTI, mas que isso apenas (sic) a consequência das expectativas diante do que o próximo governo faria, e que ele, eleito, poderia desfazer e tirar o país da UTI”. Alegando tratar-se de uma crise política, por isso teria que ter uma solução política. Após vis-à-vis, mesmo com a “Carta ao Povo Brasileiro”, não deu certo. O câmbio dispara (leia-se: crise das dotcom). Devo lembrar que o mercado e o câmbio têm sua própria pulsação por forças externas as nossas. Por isso, não seria correto afirmar que o governo anterior, antes da passagem, foi o único responsável pelo pico do câmbio em plena transferência do poder. Haja vista, as desconfianças do futuro do país dirigido por um sindicalista, foi Lula, e sua equipe econômica, os responsáveis pelo vigor da economia brasileira naquele momento, mesmo com tantas intempéries.
Não defendo FHC em detrimento a Lula, como pode se ver. Até porque, sempre soube que FHC houvesse admitido não entender nada de economia. Ao menos, na época, era possuidor de bons contatos no mundo acadêmico, em especial a PUC do Rio de Janeiro (leia-se: Gustavo Franco; Pérsio Arida; Edmar Bacha; Pedro Malan; Winston Fritsch e André Lara Resende).
Lula retribuiu, dando sua boa contribuição, mantendo o plano econômico dirigido por Henrique Meirelles, favorecido então, pela bonança da economia mundial no período, serenidade essa, que seus antecessores não dispunham.
Acredito que o governo FHC fez bem para que o governo Lula tivesse êxito, e fosse basilar para a continuidade no governo Dilma. Agora, demérita FHC (headhunter) e sua plêiade de economistas pelo gozo da liberdade ao planejamento financeiro que temos hoje? Não dá! Chega a ser escalafobético!
Ir ao FMI não foi por luxo, deficiência na estrutura planejada ou acordos atrás das cortinas, e sim, porque nossa âncora precisava de capital para manter a margem de manobra, fôlego, do que já mencionei acima. Afinal, não é nada simples conservar sadio o colchão de reservas cambiais (a responsável por segurar a confiança dos investidores estrangeiros – IED), quando exposto a uma sucessão de “seis” graves tensões ocorridas em interregnos relativamente tão curtos – México 1994; Ásia 1997; Rússia 1998; Bolha da Internet (EUA) 2000; Argentina 2001 e Ataque Terrorista (EUA) 2001. Em uma crise, os Lordes do capitalismo procuram outros horizontes onde tenham os tais AAA, e não gozávamos disso (leia-se: longa ausência de saldo no superávit primário, seguido de elevação recorde na taxa básica de juros – na Crise da Ásia em 1997, a Selic é atingida por um empuxo orbital, dos 18,75% para 46%). Sendo assim, o cofre esvazia precisando ser reposto. Um périplo homérico, com esforços hercúleos.
Se procurarmos analisar o país como uma empresa privada com dificuldades de caixa, mas com a pujança de retomada ao crescimento seguido da estabilidade, fica mais fácil de entender. Alguns definem o concurso dessas boas práticas (o emprego de todos os recursos na execução de uma meta) como, “vontade”!
No passado, pouco distante, FHC socorreu os bancos com o PROER (Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional), não seria nada inteligente deixar bancos falirem com o bafo da hiperinflação rufando nas nossas costas. Mas alguns não entendem isso, ou não é conveniente entender. O mesmo que Lula fez na Crise de 2008, cedendo contributos do BNDES, para as empresas via bancos. Evitando a debacle da economia brasileira em plena crise. Supernormal e correto, contanto que siga os passos da Responsabilidade Fiscal. Logo a seguir, elogiado pelo próprio. Agora só enxergar defeitos em um, e qualidades exacerbadas em outro, não está com nada. Invalidando assim, o bom senso.
Fica difícil, a priori, a comunicação com alguns extremistas, sendo tão rígidos e usando direções cego-partidárias e personalistas. Faço menção a James Carville, autor do bordão: “É a economia, estúpido!”, de 20 anos atrás, para explicar a que deveria ser à motivação dos eleitores para com seus futuros gestores públicos. É lógico e simples, quando dissociado da popularidade excessiva, que ofusca a racionalidade, nos tornando parvos à realidade econômica (leia-se: Hitler).
Então vejamos: analiso, sempre, a economia DE UM PRISMA CLÍNICO, SUPRAPARTIDÁRIO E POR INDICADORES. Pelo menos tento. Ao oposto do que percebo em alguns. Querver como estou com razão? Exemplifico pedindo a alguém que cite três defeitos e qualidades de FHC. Se o indivíduo referir uma constelação de defeitos, em compensação “0”, “zero”, ZERO de qualidades, e conseguinte, pedir ao mesmo, de Lula, e achando que o mundo começou depois dele, esquecendo, ou por travamento de citar seus defeitos. Como também o inverso dessa sentença. Consagrando assim, sua opinião facciosa.
O contrário penso. Falarei mil defeitos e qualidades de Lula, FHC, Aécio e Dilma, como também elogios a esses, e ao Eduardo Campos. Um pouco a mais de Lula, um pouco menos de FHC e muito menos ainda de Dilma. Veja só como sou! Sem problemas ou preconceitos cristalizantes que levam ao radicalismo de delgada argumentação. O problema da Esquerda é querer acreditar demais no que eles ensinam e o da Direita, é acreditar demais no que foi ensinado.
Só sei que todos os líderes deveriam inquietar-se e convergirem para o confronto, incessante, com “a mãe de todos os males”: A INFLAÇÃO! Nosso Nêmesis. Não obstante a isso, devemos ser gratos aos cidadãos politizados por suas críticas, mais percucientes que sejam, apenas se elas nortearem a equanimidade, sem o vezo ideológico do partidarismo. Não há isenção se não houver opinião. Recomendo sempre olhar, as duas faces, das “duas” moedas.
Enfim, será que essa problemática passa a ser utopia?
(*) Atualizado em 19/09/2013.
Autor: Ronaldo Maciel Góis Rodrigues – Estudante de Economia – Universidade Salvador – UNIFACS. Extremamente curioso. Concordante com os polêmicos e contestante de todos os conceitos atuais. TFA
“O processo pelo qual é criado o dinheiro é tão simples que a mente não aceita” (John Kenneth Galbraith).
Artigo em PDF: Facetas da Hermenêutica do Plano Real