As Perspectivas de Crescimento Econômico no Brasil pautou o terceiro painel do II Fórum de Oportunidades de Investimento na Bahia, realizado no dia 14 de novembro, em Salvador. Promovido pela Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb) e pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide Bahia), o evento teve o objetivo de proporcionar um ambiente favorável para atração de novos investimentos na Bahia, reunindo os principais agentes econômicos do país e apresentando os vetores dinâmicos da economia do estado.
O presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (CORECON-BA), Gustavo Pessoti, integrou o III Painel abordando as alternativas para o crescimento da economia e consolidando o papel do Conselho dos debates sobre o cenário econômico regional e nacional. “É fundamental repensar uma política industrial para o Brasil e uma agenda de desenvolvimento regional, integrando-as com a necessidade de cada estado. Além disso, é preciso melhorar a eficiência do gasto público, deixando de lado uma visão de curto prazo e planejando em longo prazo”, afirma Gustavo Pessoti.
Para Pessoti, o Fórum se configura como uma importante iniciativa para discutir caminhos viáveis para o desenvolvimento. “Só é possível planejar o desenvolvimento econômico da Bahia, articulando os esforços do poder público e trazendo os empresários para debater as alternativas para realização de um ciclo de investimentos mais sustentável. No Lide, lideranças dos setores públicos e privados da Bahia encontram esse espaço de articulação e debates”, declara o economista.
Além de uma feira de negócios e workshops setoriais, a extensa programação do II Fórum contemplou temas como oportunidades de investimento na Bahia, cadeia termoplástica, políticas para o setor de mineração, comércio e perspectivas da economia nacional. A abertura do evento, ocorrida no dia 13 de novembro, contou com a participação do prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto, o secretário municipal de Desenvolvimento e Turismo, Guilherme Bellintani, o gerente executivo da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Diego Bonomo, o diretor-presidente da Veracel, Antonio Sergio Alipio, o vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem, Marcelo Lyra do Amaral, entre outros.
BALANÇO DO II FÓRUM DE OPORTUNIDADES
No encerramento do II Fórum de Oportunidades de Investimento na Bahia, foi realizado um painel com o balanço das principais ideias apresentas nos workshops setoriais. Momento que o vice-presidente da FIEB, Carlos Henrique Gantois, definiu como um verdadeiro celeiro de ideias.
AGRONEGÓCIO
Três cadeias produtivas tiveram foco especial: coco, madeira e algodão. Em todas estas cadeias, a Bahia destaca-se pelo volume de produção, mas deixa a desejar com relação ao nível de industrialização dos produtos. Sobre algodão, por exemplo, a Bahia é a segunda maior produtora do Brasil, mas industrializa apenas 1,2% desta produção, o que diminui a sua força competitiva. Só o ato de transformar a produção, extraindo as sementes, por exemplo, já gera um incremento de 50% no produto.
Já com relação ao cacau, os produtores lidam com um cenário adverso, sem crédito na praça, mas têm revertido em função da produção de um produto diferenciado: o chocolate premium. O produto destacou-se por seis anos seguidos no Salão do Chocolate de Paris. Recentemente, o Sebrae e a Desenbahia anunciaram o plano de disponibilizar linha de crédito de até R$ 250 mil para produção de chocolate premium, sendo que o Sebrae será o avalista dos produtores com dívidas e bens penhorados.
ÓLEO E GÁS/NAVAL
O grupo de trabalho que discutiu óleo e gás/naval apresentou algumas propostas para a área, uma delas é a ampliação da produção de petróleo no Recôncavo da Bahia. A ideia é negociar com a Petrobras a realização de leilões dos seus campos de produção de até 1.000 barris/dia, mantendo participação máxima de 49% para empresas e consórcios. Outra proposta do grupo de trabalho é a implementação de uma política de incentivo para bacias terrestres maduras, promovendo flexibilização nas regiões atuais.
Com tais propostas, entre os principais resultados esperados, destacam-se: aumentar este tipo de produção em até 100% em 10 anos, chegando a 80 mil barris/dia; geração de emprego e aumento da atividade econômica em regiões de baixo IDH.
PORTOS
A questão do novo marco regulatório de portos foi um dos pontos de discussão do evento. Os participantes apresentaram dados que indicam uma grande intenção de investimentos no setor portuário. O problema é que estes investimentos estão aguardando o destravamento da nova legislação.
A Braskem anunciou um projeto de investimento de R$ 110 milhões para construção de um novo terminal de granel líquido no Porto de Aratu, beneficiando toda a cadeia petroquímica. O projeto aguarda a definição da poligonal do porto e autorização da Secretaria Especial de Portos.
Com relação ao Terminal de Containers, Salvador tem desenvolvido um trabalho de destaque, tendo recebido nos últimos três anos cerca de R$ 200 milhões em investimentos, o que contribuiu para o aumento da produtividade e eliminação da espera para atracação.
Com relação à operação logística na Bahia, a empresa Columbia também indica evolução no serviço, após investimento de R$ 64 milhões nos últimos quatro anos.
MINERAÇÃO
Neste setor, há uma grande oferta global de minério de ferro, com grandes reservas disponíveis o estado da Bahia, mas a demanda não está aumentando, o que tem provocado uma acentuada queda de preço.
Ponto positivo do mercado é que a Bahia é o terceiro maior produtor de rochas ornamentais do Brasil, segmento que, mesmo com a crise, tem uma demanda mundial crescente. Neste cenário a Bahia se destaca não somente pela capacidade de produção, mas também pelo valor de mercado das suas rochas.
Já no segmento de gemas e joias, a Bahia é o segundo maior produtor brasileiro de gemas colorida, com mais de 30 variedades de gemas, sendo a esmeralda o carro chefe do estado.
TERMOPLÁSTICOS
Este grupo apresentou um plano nacional de incentivo a cadeia termoplástica, trabalhado em conjunto por Braskem, Apiplast e Sindicatos. Este plano tem metas estabelecidas, focadas no aumento da exportação de plásticos transformados. As perspectivas e os mecanismos institucionais de apoio a exportação, como o CIN da FIEB, foram detalhadamente apresentados. Para 2015, inclusive, existe uma agenda que foca no acesso a outros mercados. A América Latina é um mercado crescente, sem muitas barreiras, que deve ter uma atenção especial.
Por fim, para fortalecimento do setor, foram apontados três pontos cruciais: a importância da atuação de entidades locais de representação; a capacitação de todos os agentes envolvidos nesse mercado; e a comunicação entre universidade e empresas.
ENERGIA
As principais discussões desse workshop abordaram as oportunidades do mercado de energia renovável e o grande potencial da Bahia nesta área. Há um grande leque de possibilidades para empresas dos mais variados tamanhos, desde as micro até as de grande porte, com vistas à geração de negócio e promoção de um desenvolvimento territorial sustentável por todo o estado.
Sobre energia eólica, o Nordeste em si tem um grande potencial. Somente a Bahia tem expectativa de deter cerca de 40% da produção nacional. A Renova Energia já tem 2.4 gigawatts de energia contratada sendo instalada no estado. Quem acompanha o tema sabe que este dado tem grande representatividade, pois há pouco tempo o Brasil comemorava a instalação de circuitos de 1 gigawatts.
Com relação à energia solar, a Bahia também ocupa posição de destaque. No último dia 31 de outubro, o estado participou de um leilão especializado no tema e vendeu quase metade de todo potencial de energia solar vendido no evento. O que já foi comercializado representa, no total, um investimento de dois bilhões de reais a ser realizado até 2017.